Será que Elon Musk grokou a IA?
Como um clássico da ficção científica hippie moldou a visão futurista do bilionário
Você sabe o que é "Grok"? Se não ouviu falar, vai ouvir muito a partir de agora. Grok é o chatbot de Inteligência Artificial Generativa do Elon Musk. Mais precisamente da xAI, sua empresa na área. É importante? Qual a novidade?
Bem, Musk anunciou que o Grok terá código aberto. Portanto, qualquer desenvolvedor vai ter acesso a ele e poderá criar variações e soluções a partir do código. Mas isso não é tão novidade assim: a Meta é uma das muitas empresas que disponibiliza código aberto de plataformas de IA, por exemplo o MMS (Massively Multilingual Speech).
E falta a comunidade de desenvolvedores avaliar a qualidade do Grok, para julgar o quanto vale a pena investir energia nesta plataforma. Musk disse que vai abrir o código, mas não informou quando.
O objetivo prático desse anúncio é fustigar a OpenAI, que Musk está processando e acusa de "traição". Por ele está arrumando briga com a empresa que é a maior referência em IA? Porque é assim que se ganha engajamento. E quando se trata de fazer barulho, não há empresário mais capaz do que Elon Musk.
"Grok", aliás, é uma palavra criada pelo escritor norte-americano Robert A. Heinlein, da primeira geração dos grandes da ficção científica. Significa, mais ou menos", "sacar" - compreender organicamente, instantaneamente uma coisa.
Foi em "Um Estranho em uma Terra Estranha", livro do longíquo 1961, que conta a história de um marciano que vem pra terra e se torna líder de uma seita, com direito a drogas e amor livre. Tudo bem anos 60. A ilustração deste post, de James Warhola, é da capa do livro e captura bem esse clima.
E a questão no final é: o quanto Elon Musk entende de fato de IA? Porque até o momento, a visão empresarial de Musk tem sido voltada para os grandes temas da ficção científica do século 20.
É uma visão futurista de muitos anos atrás: carros elétricos, viagens espaciais, energia solar, comunicação por satélite, trens hipervelozes (que não saíram do papel) e por aí vai. Tudo inspirado nos livros de ficção científica que ele leu garoto - nasceu em 1971. Mas a IA Generativa é outro universo, é Século 21 na veia. E talvez Elon não tenha "grokado" isso...
O tempo - e a concorrência - vão determinar se, quando no futuro for contada a história da IA, Musk fará parte dela.